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  • Foto do escritorClaudia Vilas Boas

Preguiça

Refletindo sobre o conhecido rol dos sete pecados capitais, o último deles me chamou a atenção para o que acontece no mundo!

De todos, talvez esse seja o pior, a base para os demais.

Pode parecer insano, mas trazendo essa avaliação para o momento atual, ele está inserido em quase todas as atitudes que atrasam a evolução da humanidade, uma vez que trava seu caminhar, acorrentando-a na malfadada zona de conforto.

Soberba. A pessoa extremamente orgulhosa de si, se coloca em uma posição confortável. Expressa-se como um ser superior e perfeito. Muitas vezes se serve de terceiros para manter seu status. Olhar para si próprio e assumir falhas, sombras e buscar se melhorar é trabalhoso. Presumem ser mais fácil assumir um personagem e fingir que aquele papel é real.

Avareza. O não dividir, o não compartilhar, demonstra o apego e medo de perder o que, erroneamente, se entende ter conquistado. Não soltam, não arriscam, visando afastar a possibilidade de ser necessário recomeçar ou reconquistar. O acúmulo de bens, dá a sensação de superioridade e poder. Contudo, na verdade, em muitos casos, sem perceber, o mesquinho vive em meio à miséria emocional, tornando-se escravo do que pensa possuir. Mal sabem que o partilhar traz prosperidade e alegria à nossa vida.

Inveja. Outro dia vi uma definição de inveja que dizia que o invejoso só almeja o que nós possuímos e nunca o esforço e dedicação que foram necessários para conseguirmos o que temos. Tipinho bem preguiçoso esse, não é mesmo? E o pior é que, nem percebem que o maior mal que causam é a eles mesmos. Passam a vida como observadores, desejando desfrutar do sucesso alheio e conquistar os sonhos de outros, o que só lhes atrai amargura e infelicidade.

Ira. É natural que em alguns momentos de nossa vida sintamos raiva, revolta e sentimentos controversos à nossa própria natureza. Contudo, isso é diferente da cólera diante de toda contrariedade, e até mesmo o descontrole que leva à violência. Trabalhar o autocontrole para que ele não cause danos não é uma tarefa fácil, muito pelo contrário, é uma das mais difíceis e longas lições a se aprender, principalmente em tempos de tanta polarização. Exige que aprendamos a aceitar e entender que não temos o poder para controlar absolutamente nada que esteja fora de nós. Entender que limites existem de forma recíproca, através do respeito mútuo e aceitação da diversidade de personalidades e pensamentos.

Luxúria. Normalmente ligada às relações interpessoais. Em muitos casos, traz à tona o medo de aprofundar-se em relacionamentos, sendo mais fácil manter ligações rasas e superficiais, onde não há o compromisso de reciprocidade. Não há troca e nem responsabilidade. Lidar com nossos sentimentos, expectativas e frustrações é um grande aprendizado. Contudo, para isso é necessário que estejamos dispostos a mergulhar em águas mais profundas e enfrentar todos os riscos e obstáculos, para que se tenha a possibilidade de encontrar o tesouro submerso.

Gula. Todo excesso traz consigo o descontrole de algum setor na vida. A gula, como qualquer outro vício, é uma forma de externar os desequilíbrios internos. Em tempos de fast food e todo tipo de delivery, tais facilidades encurtam etapas. Ganha-se tempo, porém, perde-se em qualidade, estimulando-se, também, comportamentos compulsivos que visam suprir algumas carências emocionais. Há uma sensação de saciedade passageira. Nada mais do que um paliativo. Remexer as profundezas e buscar equilíbrio, descobrindo o vazio que realmente necessita ser preeenchido, exige escolhas e atitudes, ou seja, determinação e disposição.

Enfim, na minha leitura, a preguiça está inserida em todas as demais. E por que ela seria o grande mal da humanidade?

O preguiçoso, via de regra, é um egoísta que não contribui com os demais. Escolhe a zona de conforto como forma de vida, fugindo de tudo que possa causar incômodo ou alguma inquietação. Comportando-se, portanto, de forma covarde, protegendo seu próprio umbigo.

Observo o mundo de hoje e vejo que o caos se instalou graças à preguiça.

Há uma grande parte das últimas gerações que contribuiu para isso. Uma vez que, deixaram-se levar pelas facilidades, distrações e informações rápidas, porém, rasas. Sendo, dessa forma, manipulados ao longo do tempo. E o que antes era preguiça, se transformou em incapacidade, incompetência.

As desculpas são as mais diversas e sempre tentando encobrir o real motivo.

A hipocrisia é escancarada diariamente por seres que se vitimizam e jogam a responsabilidade de suas necessidades e insatisfações em terceiros. A culpa de seus fracassos e frustrações é sempre dos outros, familiares, empregadores, governantes, vizinhos e quem quer que possa servir de muleta.

A desinformação dissemina-se como rastilho de pólvora, onde pessoas mal intencionadas se aproveitam dos preguiçosos para dar suporte a seus projetos de poder e domínio das massas. Convencem habilmente, com discursos elaborados e mentirosos, afinal, sabem que a maioria não se dá ao trabalho de ler nas entrelinhas.

Aqueles que ainda lutam, que buscam incansavelmente a verdade por trás de tantos absurdos e manipulações, estão chegando ao limite do esgotamento.

E, apesar de tudo, não desistem, pois sabem que a liberdade e um mundo justo, têm que ser conquistados. Como dizem, não existe almoço grátis, tudo tem um preço.

Só se cansa quem trabalha, quem constrói. Os que insistem em nadar contra a correnteza, em enfrentar o caos, receberão seu merecido descanso, e a liberdade almejada. Assumiram o leme durante a tempestade.

Quanto aos que preferiram o caminho mais fácil, se deixando conduzir, o preço a pagar pelo comodismo, será o de uma longa servidão.

#pracegover #pratodosverem imagem de uma ovelha de pelucia, dormindo sobre um livro, em uma cama forrada com uma coberta peluda e fofa. Do lado esquerdo há um despertador cromado. Imagem em tons de creme.


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