Não confunda alhos com bugalhos
- Claudia Vilas Boas

- 28 de dez. de 2023
- 4 min de leitura
Há um antigo ditado de origem portuguesa que diz “não confunda alho com bugalhos”, e trata da diferença entre o alho, um bulbo muito conhecido e utilizado como tempero ou ingrediente medicinal, e o bugalho, protuberância nos troncos de algumas árvores que serve de casulo para vespas e outros insetos. Embora distintos, cada qual tem sua serventia.
Tenho me deparado com situações de muita confusão em torno de questões não tão complicadas.
São tempos de muitos gurus e fórmulas “infalíveis”. Contudo, o que muitos esquecem é que somos indivíduos únicos, e portanto, o que serve para um ou alguns pode não funcionar para outros.
Esse tipo de receitinha acaba por causar efeitos contrários aos pretendidos. Na maioria das vezes a intenção é boa, realmente a vontade é de ajudar.
Porém, muitas vezes na ânsia de ajudar esquecemos de pensar nos detalhes.
Muito se tem falado em manter as vibrações elevadas, contudo pouco se fala sobre as particularidades.
A fórmula é generalizada. Normalmente, é indicado se manter longe de conflitos e notícias ruins, algo praticamente impossível nos dias de hoje.
Será mesmo o melhor conselho?
Eu entendo que cada pessoa tem uma reação individual às situações cotidianas.
Eu, por exemplo, me sinto triste e compadecida dos animais que sofrem maus tratos ou são abandonados.
Pela fórmula seria recomendado que eu não acessasse mais esse tipo de informação.
Contudo, ficar triste não quer dizer que minha vibração baixe. Esse sentimento faz parte da minha humanidade. Faz parte da essência do bom ser humano. Bom não quer dizer perfeito, outra coisa para não confundir.
Na minha situação, em particular, como faço para lidar com esse sentimento? Como em tudo na vida, com treino e persistência.
Embora fique penalizada com certas histórias, percebi que poderia contribuir de alguma forma, seja através de preces, envio de energia e até mesmo alguma ajuda material, que não existiria, caso eu fechasse os olhos apenas para evitar que o sentimento transbordasse.
Veja, se uma mãe fala para o filho não andar de bicicleta, pois ele vai cair, o que certamente acontecerá em alguns momentos, ele nunca aprenderá a andar de bicicleta. O que o impediu? O medo.
Se não enfrentamos as nossas dificuldades, o medo nos estagna.
Vejo muito gente se isolando do mundo com medo de ser afetada pelos acontecimentos.
Há alguns anos, muitos tiveram acesso à informações que os levaram ao despertar. Os primeiros sentimentos a aflorarem foram de revolta, medo, incredibilidade, mas foram justamente esses sentimentos que os impeliram a fazer escolhas e se manterem firmes.
O caos que vemos hoje faz parte do processo, e era esperado.
Muito foi dito sobre assumirmos nosso poder, uma vez, que não há salvador. Nós estamos aqui nesse momento importante com missões também importantes.
Há diversas áreas de atuação, diversos papéis a serem desempenhados, portanto, não existe uma única fórmula.
Ficar criticando a forma como um ou outro decide enfrentar esses tempos tão difíceis, baixa muito mais a vibração do que ver cenas deploráveis, as quais já sabíamos que aconteceriam.
A faxina está em curso e a sujeira está sendo exposta. Quem sabe disso e realmente acredita, consegue se manter firme, apesar dos momentos de tristeza, provocados pela empatia.
Se todos assumissem o papel de ficar somente orando, vibrando e meditando, quem iria para a linha de frente combater os ataques e injustiças?
Todas as funções são de extrema importância para superarmos esses tempos finais da transição. Assumir o papel que lhe cabe e que ressoa com seu coração é um ato de coragem. Não conhecemos todo o enredo e muito menos todos os personagens e suas características. É como se estivéssemos em um filme de suspense em que os vilões e os mocinhos serão revelados somente no final.
O respeito é um dos pilares mais importantes nesse momento. Há pessoas causando divisão no momento que pede união. Apontar dedos e condenar a forma como o outro lida com suas escolhas, em nada agrega. Cada caminho é caminho.
As revelações estão chegando, há os que precisam ajudar na exposição, há os que precisam prestar suporte emocional, há os que precisam combater o mal. E está tudo certo, não há uma regra única.
A vibração está na essência de cada um. O externo pode abalar momentaneamente, mas não irá afetar o ser que foi sendo construído através das experiências vividas e das lições aprendidas.
Estamos nesse mundo e nesse momento por um propósito, e cada um saberá qual é ouvindo seu coração.
Se você sente que precisa se isolar do mundo e da realidade ao redor, faça isso, é o seu caminho, mas não é o único caminho. Entenda que existem outros e que são tão bons quanto o seu.
Pois, por melhor que seja a intenção, impedir que o outro encontre sua própria forma de caminhar, é o mesmo que a mãe impedir o filho de andar de bicicleta. Você o livra dos tombos, machucados e dores, mas também o impede de sentir o prazer da divertida aventura.
O momento pede mais amorosidade e compreensão, tem muito trabalho sendo feito e todos merecem nossa gratidão.
#pracegover #paratodosverem imagem de uma mulher, de cabelos castanho-claros longos, usando um chapéu de palha,uma blusa de alças estampada, segurando em uma das mãos uma cabeça de alho e na outra um ramo de tomates. Ela está sentada diante de uma mesa com uma toalha na cor bege, sobre a qual se encontra uma travessa de madeira com vários legumes.





Comentários