Comparações hoje em dia são a causa de uma infinidade de doenças da alma.
Vivemos tempos de redes sociais e muitos, muitos filtros, não só os que melhoram a aparência física, mas os que escondem a realidade. Os que mascaram dores, angústias e sofrimentos.
Filtros que, se bem observados, podem revelar mensagens subliminares, pedidos de socorro ocultos.
Sentimentos não poderiam ser comparados.
Não existem parâmetros para a dor ou para a alegria. São extremamente pessoais.
No livro A Bailarina de Auschwitz de Edith Eva Eger, que já citei uma vez, a autora, uma psicóloga, declara que cada sofrimento é relevante para quem o está sentindo. Não há uma escala de importância ou relevância. Segundo ela “não existe uma hierarquia do sofrimento. Não há nada que torne a minha dor maior ou menor que a sua.”
Ela relata dois casos para ilustrar isso.
Duas mulheres que passaram em consulta, uma chorando pela perda iminente da filha em estado terminal e a outra porque acabara de receber seu Cadillac e o carro tinha vindo no tom errado de amarelo. Embora esse último caso parecesse banal se comparado ao outro, as lágrimas revelavam na verdade, uma decepção com a vida dela, o vazio emocional que ela sentia.
Em razão disso, afirmo que devemos sempre nos abster de julgar o que quer que seja, se não conhecemos profundamente os fatos.
E o mais importante, não minimizarmos nossa dor, não a compararmos com as dores alheias.
Isso, porém, não deve ser confundido com vitimismo.
Podemos e devemos, sim, acolher a nossa dor, assumir nossas responsabilidades e, então, fazer o que estiver dentro de nossas possibilidades. Entender que não temos controle sobre tudo, mas temos escolhas.
Termino com mais uma frase da autora: “Não há como escolher viver livre de dor, mas podemos escolher ser livres, nos libertar do passado e aceitar o possível.”
#pracegover ilustração em preto e branco, de duas silhuetas femininas, de costas uma para a outra, com as pernas dobradas e os braços apoiados nos joelhos. A da esquerda com fundo branco e a silhueta preta e a da direita nas cores opostas.