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  • Foto do escritorClaudia Vilas Boas

Arena Contemporânea

Atualizado: 15 de nov. de 2023

Recentemente um fenômeno se espalhou como rastilho de pólvora na internet. Mais uma modinha passageira, dessas que surgem no Tik Tok e em outras plataformas digitais. Contudo, dessa vez o resultado assustador garantiu muitas reflexões.

Estou me referindo às lives de NPC, que infestaram as redes sociais. A sigla NPC significa "non-playable character" ("personagem não jogável") e se refere a personagens secundários de jogos virtuais. Nessas transmissões os influenciadores ficam horas fazendo movimentos repetitivos e reagindo a presentes comprados pelos seguidores. Quanto maior o valor do presente, mais expressiva a reação. Outra característica é a produção do personagem, com acessórios, perucas e maquiagens chamativas e muitas vezes apelativas e sexualizadas.

Esse movimento começou fora do Brasil, mas rapidamente ganhou projeção entre os produtores de conteúdo daqui. Um deles, porém, acabou se destacando, e causou polêmica ao vir à público expor que sua intenção foi a de fazer piada com um conteúdo ridículo e humilhante. O que ele queria era que as pessoas percebessem o absurdo e rejeitassem o conteúdo, contudo, o efeito foi exatamente o oposto. Mas, graças ao enorme engajamento que conseguiu, a própria plataforma passou a restringir o alcance desse tipo de conteúdo.

Esse YouTuber passou a ser atacado quando veio a público comemorar o resultado e expor o quanto aquele tipo de exposição era humilhante e desnecessário.

Informou também que todo o dinheiro arrecadado foi distribuído para entidades filantrópicas, pois entendia não ser um dinheiro ganho de forma justa e correta.

Ao final deixarei o link do vídeo para quem quiser entender melhor o que aconteceu.

Minha intenção aqui é trazer alguma reflexão, afinal, a matéria-prima do cronista é a observação do cotidiano que o cerca.

Qual a reflexão que toda essa situação nos traz?

O que está acontecendo com parte dessa geração? Sim, parte dela, pois também há um percentual que está desperto e não se deixa manipular por essas modas vazias e ridículas.

Até que ponto uma pessoa aceita se humilhar por dinheiro? Será por preguiça ou incapacidade de buscar algo mais produtivo e agregador?

E o pior é perceber que indivíduos se comprazem em assistir à humilhação alheia, até pagando por isso.

Esse fenômeno me fez lembrar das arenas romanas, em que o povo delirava e se divertia assistindo cidadãos serem devorados por leões ou lutarem entre si até a morte.

A arena hoje é virtual, mas a crueldade continua sendo a mesma. Que tipo de ser humano sente prazer com a degradação de outro? Divertir-se com a humilhação é insano e cruel.

Contudo, como em tudo na vida, há sempre lições. E nesse caso, diante da grande visibilidade, muitos veículos, psicólogos, psiquiatras e também produtores de conteúdo digital se manifestaram sobre esse caminho que tem levado tantos jovens a uma vida fútil e sem valores. Bem como, ao necessário e urgente movimento de resgate dessa geração.

Tarefa árdua, pois foram décadas de destruição. Cabe aos pais e também às autoridades competentes, que defendem valores, que realmente lutam pela construção de uma sociedade honesta e próspera, o trabalho de vigiar, orientar e dar suporte.

Tudo isso serve para que se atente ao fato de que presentes não substituem presença, que família é base. Não é à toa que tentam desconstruir os valores familiares, pois as manipulações se tornam mais eficazes.

Toda essa agenda de desconstrução do papel feminino e masculino, da ridicularização da maternidade, e do apoio a pautas que visam a extinção das relações familiares não é casual. Tudo foi muito bem engendrado.

Não podemos mais apenas assistir a tudo isso, passivamente. Precisamos vencer o medo e assumir nosso papel. A omissão contribui para que o mal avance. E por isso, nada mais oportuno do que encerrar com uma frase bem conhecida: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”(Martin Luther King).



#pracegover #paratodosverem ilustração de um garoto com maquiagem de palhaço, cabelos e roupa multicoloridos, mas com uma expressão triste no olhar.


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