A sabedoria da pureza

Recentemente, remexendo em uns papéis antigos, a fim de fazer uma limpeza e jogar fora tudo o que já não servia e que descuidadamente acabamos acumulando, me deparei com um texto que me foi enviado na época em que meus filhos frequentavam a pré-escola. Lembro que fiquei emocionada com a mensagem, que transcrevo abaixo:

"Tudo o que eu realmente precisava saber, aprendi no Jardim de Infância -

Tudo que eu realmente preciso saber sobre a vida... Como ser.... Aprendi no jardim da infância.

Não foi na universidade nem na pós-graduação que eu encontrei a verdadeira sabedoria, e sim no recreio do jardim da infância.

Compartilhar, brincar dentro das regras, não bater nos outros, colocar as coisas de volta no lugar, limpar a própria sujeira, não pegar o que não é meu, pedir desculpas quando machucava alguém, lavar as mãos antes de comer, puxar a descarga do banheiro.

Também descobri que café com leite é gostoso, que uma vida equilibrada é saudável e que pensar um pouco, aprender um pouco, desenhar, pintar, dançar, planejar e trabalhar todos os dias, nos faz muito bem.

Tirar uma soneca à tarde, tomar muito cuidado com o trânsito, segurar as mãos de alguém e ficar juntos, são boas formas de enfrentar o mundo.

Prestar atenção em todas as maravilhas e lembrar da pequena semente que, um dia, plantamos em um copo de plástico. As raízes iam para baixo e as folhas iam para cima, mas ninguém realmente sabia nem porquê. Mas nós somos assim!

Peixinhos dourados, ratinhos brancos; e até mesmo a pequena semente do copo de plástico, tudo morre um dia. E nós também.

Tudo que você realmente precisa saber esta aí. Faça aos outros aquilo que você gostaria que fizessem para você...

Amor, higiene básica, ecologia e política contribuem para uma vida saudável.

Penso que tudo seria melhor se todos nós - o mundo inteiro - tomássemos café com leite todas as tardes e descansássemos um pouquinho abraçados a um travesseiro.

E ainda é verdade que, seja qual for a idade, - o melhor é darmos as mãos e ficarmos juntos!"

Texto de Robert Fulghum - tradução de Ernesto H. Simon.

Eis a sabedoria dos pequenos, que deveríamos guardar e levar no coração para os momentos em que os desafios aparecem.

Quando crianças nada nos parecia impossível ou insolúvel.

Os desentendimentos eram facilmente perdoados e o abraço curava qualquer dor e secava nossas lágrimas.

A vida era tão leve e simples. E, na verdade, ela continua sendo, nós é que insistimos em complicar.

Amadurecer faz parte do processo e as responsabilidades também.

Contudo, o aprendizado adquirido no início de nossas vidas não pode ser descartado e nem perdido.

A cada etapa itens são agregados à nossa bagagem. Há, sem dúvida, alguns que merecem ser descartados, pois nada mais são do que peso morto, meras inutilidades.

Contudo, para as lições mais valiosas há que se reservar um cantinho muito especial.

Talvez, sejam esses pequenos tesouros da infância, o olhar positivo, a alegria e criatividade, que nos salvarão nos momentos de caos e insegurança nos caminhos da jornada da vida adulta.

A alegria nos mantém equilibrados e a imaginação fértil pode nos auxiliar a criar as saídas dos labirintos no meio do caminho.

Maturidade emocional é seguir com os pés firmes e confiantes em direção ao nosso propósito, mas não esquecer de olhar para o céu vez ou outra e soltar a imaginação para criar inúmeras possibilidades, como se ainda brincássemos de enxergar formas inusitadas nas brancas e divertidas nuvens.

Que a criança que fomos se mantenha viva e acolhida, pois talvez seja ela que nos salvará nos momentos sombrios, trazendo cor e iluminando o caminho a seguir.

#pracegover #paratodosverem ilustração de uma jovem de vestido florido, cabelos longos castanhos claros, caminhando de mãos dadas com uma garotinha alegre e saltitante, de vestido amarelo, cabelos curtos castanhos claros, que a puxa para fora de um labirinto para uma estrada, ladeada por grandes árvores e flores. A criança aponta para as nuvens brancas no céu azul. Arte digital